Cultura

Maicon Fiuza | 16/02/2023 18:05

16/02/2023 18:05

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Multi-instrumentista de Ponte Serrada conta sua história com a música

Vamos conhecer a história de Emerson Galvão do Rosário, natural de Ponte Serrada, que atualmente é professor de música. O lance Faxinal conversa com Emerson que conta como está forma de arte começou a fazer parte de sua vida. — Desde muito cedo já apresentava afinidade com as Artes, trabalhos manuais, desenho e música. Tive […]

Multi-instrumentista de Ponte Serrada conta sua história com a música

Vamos conhecer a história de Emerson Galvão do Rosário, natural de Ponte Serrada, que atualmente é professor de música.

O lance Faxinal conversa com Emerson que conta como está forma de arte começou a fazer parte de sua vida.

— Desde muito cedo já apresentava afinidade com as Artes, trabalhos manuais, desenho e música. Tive um grande privilégio em nascer em uma família que trazia no seio o gosto musical, tanto meu pai, quanto minha mãe esboçavam alguns acordes em violão, viola e acordeom, limitados pelo pouco estudo e falta de oportunidade, porém com aquele afinco desenhando em mim os primeiros acordes no violão. Lembro-me bem do meu primeiro contato com o violão, em torno de 3 ou 4 anos de idade, quando por insistência a meu pai, pedi para que me desse o violão, e foi o momento que ele me disse, que violão não era para brincar, era para tocar, e minha curiosidade era tanta em sentir o toque nas cordas, eu então, sentado na cama e com o violão no colo, com minhas mãos tocava as cordas e ficava realmente fascinado pela vibração que as cordas produziam assim como o som, em pouco tempo, ganhei um cavaquinho e nele, afinado como violão foram surgindo as primeiras melodias e acordes — conta.

Emerson comenta um pouco mais sobre como esta forma de arte foi se tornando parte de sua vida no decorrer de sua história.

— Com o passar dos anos tive contato com a flauta doce, presente do primo José Drum, que hoje residem em Florianópolis, e rapidamente aprendi algumas melodias. Na escola sempre estive envolvido nas apresentações, em peças de teatro, jogral e apresentações com violão e flauta. Sempre tive a ânsia de aprender, e isso fez com que eu buscasse os recursos que tinham ao meu alcance, transcrevia as músicas em papel e caneta, buscava cada nota de ouvido e anotava para não esquecer, ficava horas em frente a um tape deck para “tirar” uma música. Em meados dos anos 90, já com 17 anos entrei para o grupo de Jovens da Igreja católica, e assim alavancando o desenvolvimento na música, como eu já tocava, logicamente fui convidado a tocar nas missas, e assim veio a busca em aperfeiçoar, treinando bastante para esse desafio, e também esse grupo de jovens desenvolvia um grande teatro, até hoje existente e muito difundido em toda região, que é a Encenação da Paixão e Morte de Cristo, no qual sempre fiz parte atuante tanto como ator e nos últimos anos dando apoio organizacional — comenta.

Salienta ainda sobre suas atividades profissionais desenvolvidas até o momento em que começou a dar aulas de música.

—  Em 2002 fiz uma formação técnica em Química e trabalhei até o ano de 2008 na indústria de Celulose e Papel, porém nunca abandonei a música, onde eu ia com os amigos, o violão era o meu companheiro. Em 2007 com o falecimento do meu pai, senti a necessidade de retornar a Ponte Serrada e ficar próximo a família, e assim abandonando a carreira na indústria e recomeçando a vida. Fazia bicos de pintura, instalação de antenas, cópias de chave, quando se abriu uma oportunidade, fui chamado pela Secretária de Assistência Social da época, indicação que desconheço até hoje, mas assim disseram para ela que eu tocava violão e quem sabe eu poderia ensinar. Então no ano de 2009 comecei a dar aulas em projetos social para crianças de baixa renda, e logo estava atendendo todos que queriam aprender, nos primeiros anos cheguei a atender em nosso município cerca de 180 alunos diretamente, entre projetos sociais do antigo PETI, Pró-Jovem e Departamento de Cultura — salienta.

Ressalta também a importância que lecionar teve em sua vida, bem como sobre projetos que conseguiu implementar no município de Ponte Serrada.

— Ensinar é aprender, e assim regrei-me nesse trabalho que levei a sério desde o início, encontrei-me em sala de aula, com a música. Em 2012 iniciei minha primeira Licenciatura em Artes Visuais, e fiz especialização em Arte e Educação, logo em 2017 iniciei a graduação em História, e no mesmo ano assumi o cargo no município de Diretor do Departamento de Cultura, buscando fazer uma gestão de valorização da cultura local, reativando o conselho municipal de cultura bem como tomando rédeas e no desenvolvimento do plano municipal de cultura, buscando trazer a comunidade a fazer parte dessa construção, dei apoio na criação do livro da História de Ponte Serrada. Mantive uma página no Facebook, com nome de Antiga Ponte Serrada por quase 10 anos, e lá um acervo de mais de 1000 fotos que contam a história da cidade, porém recentemente desativei por falta de tempo de mantê-la atualizada. Foi também nessa gestão procurei profissionalizar o Departamento, dando a tal importância em ter um espaço adequado com sala de aula melhor atendendo os alunos da Escola de Artes, trouxe novas oficinas como teatro e viola caipira, que vieram a acrescentar e oportunizar nossa comunidade — ressalta.

A cultura se faz de grande importância na sociedade, moldando o caráter e inserindo valores em cada um que tenha contato com ela. Emerson comenta também sobre o reconhecimento que vem recebendo ao longo do tempo.

— Durante toda essa trajetória colhemos os frutos do nosso empenho e trabalho, o reconhecimento da comunidade, dos pais, que por muitas vezes vem agradecer por ter ensinado além da música, valores culturais para suas crianças, que muitos desses hoje são homens e mulheres atuantes na sociedade, pais e mães de família que ao nos ver, ainda nos chamam de professor Emerson. Sempre busquei em sala de aula uma afinidade pela valorização e o resgate da cultura, as bases e alicerces que nos trouxeram até aqui, a importância da música e da arte no nosso cotidiano. Recentemente fiz minha graduação em Música, que muito tem me ajudado no desenvolvimento de projetos e planos de aulas mais criativas. Atualmente dou segmento a essa profissão onde atuo como Professor de Música, violão popular, técnica vocal e musicalidade infantil, e também atendo alunos particulares nesses mesmos segmentos. Tenho feito ao longo dos anos muitos trabalhos voluntários que vem ao encontro dessa visão cultural que sonho, como descrevi anteriormente minha participação nos grupos de jovens e grupo da Encenação, tenho atuado ainda nesse grupo, muitas vezes atuando e outras prestando apoio — comenta.

Finaliza falando sobre alguns instrumentos que toca bem como sobre seu futuro.

— Toco diversos instrumentos, como viola caipira, teclado, acordeom, gaita de boca, flauta doce, porém busco sempre o caminho do aprendizado, sempre com humildade e reconhecendo as próprias limitações. Um bom professor é aquele dá exemplo, e também de sabe aprender. Quanto ao futuro, é sempre difícil prever, infelizmente, mesmo com todo o esforço empregado em estudo e atualização, nada é garantido que vou retornar as salas de aula e a gente não consegue sobreviver apenas do ofício. Para tanto que sempre desenvolvo atividades paralelas para dar renda extra, atualmente trabalho com madeira, fazendo pequenos móveis e utilidades em madeira. Mas a gente vai lutando e se adequando a esse mundo, buscando sempre fazer o melhor da gente — Finaliza.

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