Ponte Serrada

Lance Notícias | 05/03/2021 14:34

05/03/2021 14:34

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“Na UTI ela teria brigado pela vida”, diz filho de idosa que morreu na fila de espera por leito

Brincalhona e com uma mão cheia para cozinhar. Assim é que Eva de Lima da Costa é lembrada pelo filho Jucemar da Costa. A idosa, moradora de Ponte Serrada, faleceu nessa quinta-feira (04), após as complicações da Covid-19. Ela aguardava por um leito na UTI e estava internada na enfermaria do Hospital Regional São Paulo, […]

“Na UTI ela teria brigado pela vida”, diz filho de idosa que morreu na fila de espera por leito

Brincalhona e com uma mão cheia para cozinhar. Assim é que Eva de Lima da Costa é lembrada pelo filho Jucemar da Costa. A idosa, moradora de Ponte Serrada, faleceu nessa quinta-feira (04), após as complicações da Covid-19. Ela aguardava por um leito na UTI e estava internada na enfermaria do Hospital Regional São Paulo, de Xanxerê.

O filho conta que a mãe foi diagnosticada com Covid, permaneceu em casa por uns dias, mas teve uma piora no quadro e precisou ser internada no Hospital Santa Luzia, em Ponte Serrada. Depois de alguns dias, ela recebeu alta e foi novamente para casa. Porém, infelizmente os sintomas voltaram e ela precisou retornar ao hospital e, devido a gravidade, foi transferida diretamente ao hospital de Xanxerê.

– Começamos a ter alguns sintomas e fomos para o hospital, fizemos o teste e deu positivo para a Covid-19. Mas a mãe não sentia nada, estava forte e em três dias ele piorou, foi para o hospital, ficou internada, mas recebeu alta depois de alguns dias e foi para minha casa. No sábado, ela começou a passar mal e voltou para o hospital. Quando o quadro se agravou e ela precisava de oxigênio, foi transferida para Xanxerê. Isso foi no dia 24. Como a mãe estava com 50% do pulmão comprometido e tinha outras comorbidades, ela não conseguiu reagir – comenta o filho emocionado.

A notícia do falecimento da mãe veio por volta das 15h, por meio de ligação. Após ser internada em Xanxerê, a idosa não teve mais contato com a família, que tinha conhecimento do seu caso apenas por meio dos médicos.

– O médico nos ligou e avisou que a situação era grave e que ela precisava ser intubada, só que não tinha vaga na UTI, porque tinha uma lista de espera de mais de 20 pessoas. Ela foi intubada na enfermaria, na ala de emergência, mas não resistiu, teve falência múltipla de órgãos e faleceu. Às 15h nos avisaram que ela havia falecido e nós não pudemos nem velar ela, foi direto do hospital para o cemitério, é marcante, é muito sofrido. Ela morreu sem poder dar entrada na UTI, morreu na fila de espera porque não tinha vaga – conta Jucemar.

A família, que ainda se recupera da perda, tenta não pensar nas falhas que levaram ao colapso da rede de saúde.

– O hospital deu toda a assistência possível e impossível, mas não tinha leito. Os médicos não tinham o que fazer, eles estavam desesperados, porque não parava mais de chegar pacientes tão graves quanto ela. Se tivesse UTI acredito que ela teria se salvado. Na UTI ela teria brigado pela vida – diz o filho emocionado.

Agora, para a família, ficam as lembranças do companheirismo e bons momentos vividos com Dona Eva.

– Ela fazia farra de tudo, brincava. Dava tudo pela família. Fazia um revirado de feijão maravilhoso, tanto que a vizinhança ia lá para ela fazer. Ela era muito feliz – conclui Jucemar.

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