O mestre de artes marciais Lucas Paulo Maciel, de Ponte Serrada, transforma o fogo e o aço em verdadeiras obras de arte. Além de ensinar técnicas de luta, ele também se dedica à forja artesanal de espadas samurais, uma tradição que une disciplina, paciência e respeito à cultura japonesa.

A paixão de Lucas pela cutelaria começou cedo, inspirada pelo pai, que fazia facas campeiras e o ensinou os primeiros passos ainda na adolescência. “Meu pai foi meu mentor no Wing Chun Kung Fu e também me ensinou a forjar lâminas, desde o preparo do aço até o polimento final. Ele sempre me incentivou”, relembra.

O aprendizado avançou com o Sensei Raphael Rocha, líder da Kapokaboxe Brasil e integrante da World Kenjutsu Federation, que apresentou a Lucas os princípios da espada samurai e as técnicas tradicionais da forja japonesa. Desde então, ele passou a produzir suas próprias katanas, espadas que exigem cuidado e precisão em cada etapa do processo.

Cada peça é feita à mão e, segundo Lucas, carrega um pouco da sua energia e dedicação. “A espada samurai é diferente de qualquer outra lâmina. O aço é moldado com fogo e marteladas, depois recebe uma camada de argila para ficar resistente e flexível. A têmpera é feita no ponto certo de calor, até o som do ambiente pode interferir no resultado”, explica.

Após a moldagem, o aço incandescente é mergulhado em água com sal grosso, o que cria a curvatura característica da katana. O polimento é feito manualmente, e Lucas também produz as outras partes da espada, como a tsuba (guarda de mão), a tsuka (cabo) e o tsukamaki (trançado do cabo).

As espadas feitas por ele não são apenas decorativas: são funcionais e usadas na prática do Tamashigire, uma técnica tradicional japonesa de corte em tatames e bambus, usada para testar a afiação e o equilíbrio da lâmina.

Com dedicação e respeito à tradição, Lucas mantém viva uma arte que atravessa séculos. “Forjar é mais do que moldar o aço, é um exercício de paciência, concentração e espírito. Cada espada carrega uma história e uma parte da minha jornada”, destaca o mestre.