Saúde

Natan Lucas Canal | 18/07/2022 15:25

18/07/2022 15:25

14027 visualizações

“Fiquei 2 horas berrando” relata mulher vítima de violência obstétrica em parto hospitalar no Oeste

Uma mulher de 25 anos relata ter sido vítima de violência obstétrica em um hospital de Santa Catarina há cerca de um ano. Fernanda Wartha Gripa contou como ficou cerca de duas horas com dores durante o trabalho de parto, pedindo ajuda aos funcionários. Fernanda teve o primeiro filho em 29 de julho de 2021. […]

“Fiquei 2 horas berrando” relata mulher vítima de violência obstétrica em parto hospitalar no Oeste

Uma mulher de 25 anos relata ter sido vítima de violência obstétrica em um hospital de Santa Catarina há cerca de um ano. Fernanda Wartha Gripa contou como ficou cerca de duas horas com dores durante o trabalho de parto, pedindo ajuda aos funcionários.

Fernanda teve o primeiro filho em 29 de julho de 2021. Ela relata que, após um ano do caso, ainda busca coragem para denunciar a violência. A mulher chegou a criar um grupo em uma rede social para reunir e denunciar relatos semelhantes. A situação, segundo ela, ocorreu no Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó, no Oeste catarinense.

O hospital se manifestou por nota. “O HRO desconhece os termos da denúncia, verificará com a Ouvidoria se há registro de queixa e reitera que as manifestações dos usuários sejam registradas via Ouvidoria”.

Relato

Violência obstétrica é o termo utilizado para caracterizar abusos sofridos quando gestantes procuram serviços de saúde, seja no parto, nascimento ou pós-parto. Segundo Fernanda, a situação de maus-tratos ocorreu durante todo o período em que ela esteve na unidade.

Segundo a jovem, a situação foi acentuada por conta da ansiedade que ela sofre. Na unidade, logo após entrar em trabalho de parto, Fernanda conta que passou mal ao começar a sentir dores.

– Eu pedi remédio para dor, até me trouxeram, mas a contração continuou vindo. Começou a aumentar a dor e eu comecei a implorar para as enfermeiras, eu berrava que precisava de ajuda. Fiquei duas horas berrando naquele hospital e não era da dor do parto, era da ansiedade que foi me dando – relata.

Os maus-tratos podem incluir violência física ou psicológica, podendo fazer da experiência do parto um momento traumático para a mulher ou o bebê.

O inciso IV do artigo 35 da lei estadual número 18.322/2022 afirma que é considerada ofensa “não ouvir as queixas e dúvidas da mulher internada e em trabalho de parto”.

– Eu não estava idealizando [o parto] nada. Não sou de idealizar as coisas, pensar uma coisa maravilhosa, ‘que lindo’. Mas queria um parto respeitoso. Só queria não ser violentada quando eu trouxesse o meu filho para o mundo – diz a mulher.

O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina disse em nota que analisa todas as denúncias do estado recebidas relacionadas à violência obstétrica.

– Sendo o caso, instaura procedimentos ético-disciplinares. A instituição não comenta esse tipo de situação para atender a necessidade legal de sigilo nas investigações que realiza – diz.

Como denunciar?

A denúncia pode ser feita no hospital ou serviço de saúde em que a paciente foi atendida. Também na secretaria de saúde responsável pelo estabelecimento (municipal, estadual ou distrital) e nos conselhos de classe — Conselho Regional de Medicina (CRM) para médicos ou Conselho Regional de Enfermagem (Coren) para enfermeiros ou técnicos de enfermagem, por exemplo.

Para atendimento telefônico, ligue para o 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou no 136 (Disque Saúde).

 

Informações do G1/SC

Deixe seu comentário