Ponte Serrada

Lance Notícias | 17/03/2021 09:03

17/03/2021 09:03

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Médico que atua no hospital de Ponte Serrada detalha rotina exaustiva no combate à Covid

Desde os primeiros casos de Covid-19 confirmados em Santa Catarina, em março de 2020, os profissionais da saúde vem trabalhando para garantir atendimento à população. O aprendizado para lidar com a doença veio com tempo, assim como, lidar com toda a situação. Atuando há dois anos em Ponte Serrada, município do Oeste, Delcio Luiz Castagnaro Filho […]

Médico que atua no hospital de Ponte Serrada detalha rotina exaustiva no combate à Covid Foto: Arquivo Pessoal

Desde os primeiros casos de Covid-19 confirmados em Santa Catarina, em março de 2020, os profissionais da saúde vem trabalhando para garantir atendimento à população. O aprendizado para lidar com a doença veio com tempo, assim como, lidar com toda a situação.

Atuando há dois anos em Ponte Serrada, município do Oeste, Delcio Luiz Castagnaro Filho formou-se em medicina em Florianópolis e trabalha, exclusivamente no município, há pouco mais de um ano.

Delcio diz que nunca foi fácil trabalhar na profissão, principalmente, quando se remete a hospital de município do interior do Estado.

– Me formei em Florianópolis, trabalhava em São Paulo e em Santa Catarina, estou há dois anos em Ponte Serrada e no último ano passei a trabalhar só em Ponte Serrada, junto com outros colegas. A situação nunca foi muito fácil, como é a realidade de quase todos os hospitais do interior, falta de recursos humanos e de estrutura técnica. Tivemos melhorias importantes nesses dois pontos durante os últimos 12 meses, percebi que o hospital contratou equipe e investiu em equipamentos. Graças a esses movimentos, o hospital consegue hoje atender um número expressivo de pacientes com Covid. Antes, permanecer com um paciente intubado ou prestar atendimento a pacientes graves era praticamente impossível – diz.

A grande demanda de pacientes, faz com que a rotina seja exclusivamente dedicada ao trabalho. Não há dias específicos para folga, e literalmente, o hospital tornou-se a segunda casa do médico.

– Geralmente passamos o dia dentro do hospital. Esse último sábado e domingo foram os únicos dias que não entrei no hospital desde o início do mês. Isso acontece por causa da demanda adicional, além do plantão, há a visita médica e admissão dos pacientes Covid vindos de outros municípios e a demanda normal do hospital com pacientes não covid. Então, quando não estamos escalados para o plantão, geralmente temos a evolução na enfermaria para realizar. Nos poucos momentos livres ainda é necessário encaixar discussões de caso, reuniões de equipe e capacitações – comenta Delcio.

A motivação para não desistir vem da própria formação, mas o apoio da família, amigos e conhecidos é fundamental nesse momento.

– Acho que um lado muito forte vem da formação da UFSC, onde existe muito essa questão de trabalhar a realidade e encarar desafios. O outro, são os vínculos na própria cidade, atendemos pessoas conhecidas e queridas o tempo todo, a empatia é diária e é impossível não renovar as forças todos os dias. Além disso, a população tem dado muito apoio desde o início – cita.

Diante do cenário atual, o pedido do médico é o mesmo: que a população se previna e faça a sua parte. Questionado sobre o aprendizado que leva para a vida, o mesmo frisa sobre a importância de pensar e trabalhar em equipe.

– Aprender a trabalhar e pensar em equipe e com resiliência crescente o tempo todo. Geralmente, o cuidado intra-hospitalar já é multiprofissional, mas num cenário de escassez de profissionais e cansaço físico e emocional, as relações entre os colegas de trabalho, divisão das tarefas e mútuo apoio são imprescindíveis, saber quando ajudar e quando pedir ajuda. E para a população, que cuidem dos seus queridos. Sabemos que já estamos numa fase em que a maioria absoluta não pode ficar em casa sem trabalhar, mas é importante tomar e redobrar os devidos cuidados. E, algo que vemos muito na prática, é comum ouvirmos dos pacientes que os sintomas iniciaram há alguns dias, mas que não foi dada a devida atenção. É fundamental  que ao identificar qualquer sinal da doença ou mesmo qualquer sinal de dúvida, evitar o contato social, sobretudo com os grupos de risco, buscando atendimento e orientação médica – conclui.

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